Todo dia 3 de dezembro é comemorado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. É um dia para celebrar conquistas e avanços, sim, mas também para levantar discussões necessárias para a construção de ambientes mais inclusivos e respeitosos. Uma das formas de começar é excluindo expressões e perguntas capacitistas do nosso cotidiano.
Capacitismo é presumir, de forma bastante equivocada, que uma pessoa com deficiência é limitada de algum modo, e adotar uma postura de superioridade em relação a ela.
Para ajudar na discussão, o Grupo de Diversidade da PU trouxe o conteúdo a seguir, divulgado pelo Nubank, com expressões e comentários capacitistas para retirarmos de vez do vocabulário. Confira o material e compartilhe com seus colegas de trabalho, amigos e familiares para criarmos ambientes cada vez mais empáticos para todas as pessoas.
5 EXPRESSÕES CAPACITISTAS PARA EXCLUIR DO DIA A DIA
1. Está cego/surdo?
EXPLICAÇÃO: poder ver ou ouvir não tem nada a ver com a capacidade de prestar atenção no que está sendo dito ou mostrado.
SUBSTITUA POR: “você prestou atenção no que eu disse/mostrei?”, “você poderia me responder o que te perguntei?”.
2. Estar mal das pernas
EXPLICAÇÃO: pode ser ofensivo a pessoas que tenham algum tipo de deficiência nas pernas ou redução de mobilidade, e não deve ser associado a algo que não vai bem.
SUBSTITUA POR: “estar com problemas”, “estar em crise”.
3. Fingir demência
EXPLICAÇÃO: a demência é um grupo de sintomas caracterizado pela disfunção de pelo menos duas funções do cérebro, como a memória e o discernimento. Não é algo que se escolhe ou finge ter, portanto, e nem deve ser associado ao comportamento negativo de alguém.
SUBSTITUA POR: “fingir-se de desentendido”.
4. Não ter braço para alguma coisa
EXPLICAÇÃO: quem disse que é preciso ter braço para fazer uma tarefa? Ou então que não tê-los vai impedir que o trabalho seja entregue com qualidade?
SUBSTITUA POR: “não temos pessoal para isso”, “não temos força de trabalho suficiente”, “não temos estrutura para isso”.
5. Retardado
EXPLICAÇÃO: usar o termo para definir a si mesmo quando fizer algo de errado ou para ofender alguém reforça uma falsa ideia de superioridade. Existe um histórico de preconceito associado a esta palavra, já que ela era usada para se referir pejorativamente a pessoas com deficiência intelectual.
SUBSTITUA POR: aqui não tem substituição, podemos parar de criticar a capacidade das pessoas (e de nós mesmos). Todo mundo erra, e precisa haver espaço para o erro no ambiente profissional.
PERGUNTAS E COMENTÁRIOS CAPACITISTAS QUE NÃO DEVEM SER FEITOS
1. Nossa, nem parece que você é PcD!
Explicação: achar que é um elogio dizer que uma pessoa não parece ter uma deficiência parte do princípio de que ter uma deficiência é algo ruim, ou que deve ser escondido, o que não é verdade.
2. Seu problema não tem cura?
Explicação: a deficiência não é um problema nem uma doença, é uma característica – e, portanto, ela não precisa ser curada.
3. Você nasceu assim, foi acidente ou foi doença?
Explicação: pense se você realmente precisa dessa informação ou se é apenas uma curiosidade. Reflita também se você tem intimidade suficiente para perguntar algo que talvez a pessoa não queira compartilhar.
4. Mas como você faz as coisas?
Explicação: pessoas com deficiência são tão capazes quanto qualquer pessoa. Às vezes ela precisa fazer algumas adaptações, mas isso tem relação com a quantidade de barreiras que essa pessoa enfrenta em um mundo pouco amigável para a PcD.
5. Se você tiver filhos, será que eles vão nascer normais ou vão ter o mesmo problema que você?
Explicação: o que é normal no fim das contas? O conceito de normalidade é definido por padrões sociais. Todos os corpos que existem são únicos na sua individualidade, cada um à sua maneira, então a pergunta não faz sentido. Além disso, a questão é rude por ter implícita um desejo de que os filhos de uma pessoa com deficiência não tenham a deficiência, que é apenas uma característica.
6. Essa pessoa é um exemplo de superação
Explicação: tratar pessoas com deficiência como heróis ou exemplos de superação não é o mesmo que ter empatia pelos desafios que elas enfrentam. A deficiência não é sobre superar algo, é sobre se adaptar para fazer as coisas que quiser. PcDs não são heróis, são pessoas vivendo suas vidas em um mundo cheio de barreiras.